Foto: MANOELLA PETRY
O portfólio extenso de Manoel Petry apresenta uma diversidade de temas desenvolvidos durante duas décadas de trabalho na fotografia; dentre tantos se destaca um que se mantém constante: o espaço urbano consolidado. A poética de Manoel Petry tem por objeto diferentes realidades – fragmentos de cidades de diversos países, tema recorrente na produção deste artista atento tanto à inquietação quanto à dinâmica contemporânea (por vezes caótica), dos centros urbanos – cuja a formatação é resultado de um comportamento amplo, trabalho de sucessivas intervenções coletivas, consolidação de intenções múltiplas. Em Cidades Oníricas, Manoel Petry dissocia a paisagem urbana de referências usuais para recria-la poética, pulsante, a despeito de quaisquer referências urbanas vigentes.
Há 5.000 anos, ocorria a dominação do território, ou seja, a descontinuidade do aspecto nômade da humanidade, ocasionando o surgimento das primeiras cidades nas planícies da Mesopotâmia, em sintonia com outro fenômeno quase que simultâneo, a escrita. Em síntese, desde as antigas cidades muradas às metrópoles contemporâneas, as cidades podem ser decifradas como um texto (observando-se a analogia entre o tijolo – elemento geométrico mínimo, e as letras), pois refletem a realidade de um tempo (ou diversas frações deste), bem como as memórias e anseios de seus habitantes.
A cidade acaba por prever a vida e todo o seu dinamismo: trocas, disputas, conflitos; porém sem jamais a restringir de forma absoluta, muito embora se pretenda controladora e rígida quanto a sua capacidade de organizar as atividades humanas (conforme a Carta de Atenas: ‘o urbanismo exprime a maneira de ser de uma época’; e ‘os valores arquitetônicos devem ser salvaguardados’ (edifícios isolados ou conjuntos urbanos).
Petry investiga a tensão e a energia das cidades a partir de suas qualidades formais e de composição, dissociando de significado funcional e parâmetros arquitetônicos explícitos as edificações e elementos outros que definem a paisagem urbana – registro histórico e memória edificada, para propor uma releitura poética destes espaços urbanos consolidados.
Em Cidades Oníricas, Manoel Petry exercita linguagem visual particular, sua poética ressignifica o objeto de sua produção na técnica fotografia; e propõe um instante intangível de realidade, ao desvencilhar o espaço urbano consolidado dos elementos estruturadores usuais de quaisquer referências imagéticas – fragmentos que o qualificam e identificam. Desse modo, ruas, avenidas e edificações são desprovidas de quaisquer parâmetros óbvios, e assim submetidas à releitura. Enquanto subtrai das cidades algum elemento icônico recorrente, o artista concebe um ambiente isento de memórias, fictício, transversal a quaisquer referências edificadas, um convite ao devaneio.
CURADORIA
Fábio André Rheinheimer
*Referências: O que é cidade? – Raquel Rolnik, Editora Brasiliense – Série Primeiros Passos – 84pg, São Paulo, 1988; Carta de Ate nas – de outubro de 1931 – Escritório Internacional dos Museus Sociedades das Nações. (link)
As cidades oníricas de Manoel Petry
Fotógrafo apresenta suas imagens em movimento no Espaço Cultural Correios, a partir do dia 9 de outubro, sob a curadoria de Fábio André Rheinheimer
Fotos que viram pintura e trazem a arte do inesperado. A exposição “Cidades Oníricas”, do fotógrafo e publicitário Manoel Petry, revela a inquietude do artista em 28 imagens em overlaps. Com a curadoria do artista e arquiteto Fábio André Rheinheimer, a mostra começa no dia 9 de outubro e segue até 20 de novembro no Espaço Cultural Correios, localizado na av. Sete de Setembro, Nº 1020, no Centro Histórico, em Porto Alegre.
Em uma trajetória de mais de 25 anos na fotografia, Petry levou suas obras para 12 exposições nacionais. Em Milão, em Paris e em Bruxelas, lançou o livro e a exposição “The Power of the Land”, com imagens de famílias que produzem alimentos no campo no Brasil. Seus registros fotográficos já passaram pelo universo corporativo, pelas fotos de produto, pela perfeição gastronômica, como nas imagens para o livro do Chef Mauro Souza, do Hotel Sheraton Porto Alegre, e pelos instantâneos do fotojornalismo esportivo.
Mas é no imprevisível, proporcionado pela técnica do overlapping, que Petry se encontrou como artista. “A obra nasce das múltiplas exposições em um mesmo fotograma. A sobreposição muda tudo e me encanta criar um resultado que nunca vai se repetir. Com a técnica, consigo trazer um pouco da pintura para a foto. O movimento da câmera é o meu pincel e a luz é a minha tinta”, explica o fotógrafo.
Para o curador Fábio André Rheinheimer, a obra de Petry dissocia-se do significado funcional e dos parâmetros arquitetônicos explícitos que definem a paisagem urbana para propor uma releitura poética desses espaços urbanos consolidados. “Em “Cidades Oníricas”, Manoel Petry exercita uma linguagem visual particular e propõe um instante intangível de realidade. Desse modo, ruas, avenidas e edificações são desprovidas de quaisquer parâmetros óbvios, e assim submetidas à releitura. Enquanto subtrai da cidade algum elemento icônico recorrente, o artista concebe um ambiente isento de memórias, fictício, transversal a quaisquer referências edificadas, um convite ao devaneio”, conclui Rheinheimer.
Exposição:
“Cidades Oníricas” de Manoel Petry
Curadoria:
Fábio André Rheinheimer
Abertura:
Dia 9 de outubro de 2021, das 10h às 17h;
Visitação:
De 9 de outubro a 20 de novembro/2021 – ter. a sáb. das 10h às 17h;
Local:
Espaço Cultural Correios
Endereço:
Av. Sete de Setembro, 1020, Centro Histórico, Porto Alegre – RS
Assessoria de Imprensa
Tatiana Csordas
tatiana@circulamoda.com.br
(51) 98111-8734
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